Hoje é a vez da Parte VI - A Fantasia. A tradução é de Maria Helena Martins, publicada pela editora Globo em 1998.
"A maneira mais fácil de nos aproximarmos da definição de qualquer aspecto da ficção é sempre considerando a espécie de exigência que esse aspecto faz ao leitor: curiosidade para a história, sentimentos humanos e senso de valor para as personagens, inteligência e memória para o enredo. E o que nos pede a fantasia? Pede que paguemos algo extra. Obriga-nos a uma adaptação que é diferente da adaptação requerida por uma obra de arte. Trata-se de uma adaptação adicional. Os outros romancistas dizem: 'Aqui está alguma coisa que poderia ocorrer em suas vidas'. O fantasista diz: 'Eis algo que não poderia ocorrer. Devo primeiro pedir-lhes que aceitem meu livro como um todo e, segundo, que aceitem certas coisas em meu livro". Muitos leitores podem conceder o primeiro pedido, mas recusam o segundo." (pág. 101)
"[a fantasia] Envolve o sobrenatural, mas não precisa expressá-lo. Muitas vezes de fato o expressa. E, se nos fosse de auxílio esse tipo de classificação, poderíamos fazer uma lista de artifícios usados pelos escritores de pendor fantástico, tais como a introdução de um deus, fantasma, anjo, macaco, monstro, anão ou feiticeira, na vida de todos os dias; ou a introdução de homens comuns em paragens que não são do homem, o futuro, o passado, o interior da terra, a quarta dimensão; ou ainda, mergulhando na personalidade ou dividindo-a; ou, finalmente, o artifício da paródia ou adaptação. Esses artifícios não tem por que se tornarem insípidos; ocorrerão naturalmente aos escritores de um certo temperamento e serão usados de maneira renovada. Mas é de interesse o fato de seu número ser estritamente limitado, e sugere que o feixe de luz só pode ser manipulado de certos modos." (pág. 105)
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