Detalhe da capa da edição publicada pela editora Globo em 1998, com tradução de Maria Helena Martins.
Semana passada, finalmente comecei a ler Aspectos do Romance. Entre os seis livros de E. M. Forster traduzidos para o português, este é o único que ainda não tinha tido oportunidade de ler. Estou apreciando lentamente, pois creio que é o tipo de obra que exige bastante concentração e dedicação. Durante a leitura, postarei trechos que considero interessantes e significativos, como forma de marcar mais esta jornada pelas palavras de Forster. O pontapé inicial, é claro, traz um trecho da Parte I, intitulada Preliminar. Como informei no post Novas aquisições, minha edição é da editora Globo, de 1998, com tradução de Maria Helena Martins.
"Uma verdade desagradável e impatriótica deve ser encarada aqui. Nenhum romancista inglês é tão grande quanto Tolstoi - isto é, deu um retrato tão completo da vida do homem, seja em seu lado doméstico ou heróico. Nenhum romancista inglês explorou a alma humana tão profundamente quanto Dostoievski. E nenhum romancista de parte alguma analisou a consciência moderna com tanto sucesso como Marcel Proust. Em face de tais êxitos devemos nos deter. A poesia inglesa não teme a de ninguém - sobressai em qualidade tanto quanto em quantidade. Mas o romance em inglês não possui o que há de melhor até agora escrito e, se negarmos isso, seremos culpados de provincianismo." (pág. 11)
"[...] [o pseudoerudito] gira ao redor dos livros em vez de penetrá-los; ou não os leu, ou não tem capacidade para lê-los apropriadamente. Os livros devem ser lidos (má sorte, porque isso toma muito tempo); é a única maneira de descobrir o que eles contém. Algumas tribos selvagens comem-nos, mas lê-los é ainda o único método de assimilação revelado ao Ocidente. O leitor deve sentar-se sozinho e lutar com o escritor, o que o pseudoerudito não faz. Ele prefere relacionar um livro à história de sua época, a acontecimentos na vida de seu autor, aos acontecimentos que o livro descreve, e principalmente a alguma tendência." (pág. 16)
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