Dando continuidade à publicação de trechos de Aspectos do Romance, minha leitura atual, hoje destaco excertos da Parte II, denominada A História. Minha edição é da editora Globo, de 1998, com tradução de Maria Helena Martins.
"Oh, sim, meu caro, o romance conta uma história. Este é o aspecto fundamental, sem o que ele não poderia existir. Este é o máximo divisor comum a todos os romances. E eu gostaria que não fosse assim, que pudesse ser algo diferente - melodia, ou percepção da verdade, e não esta baixa forma atávica." (pág. 28)
"E agora a história pode ser definida: é uma narrativa de acontecimentos dispostos em sua sequência no tempo - o jantar depois do almoço; terça-feira depois de segunda; decomposição depois da morte, e assim por diante. Qua história, pode somente ter um mérito: fazer a audiência desejar saber o que acontece depois. E, inversamente, pode ter uma única falta: fazer com que o auditório não queira saber o que acontece depois. Estas são as duas únicas críticas que podem ser feitas a uma história que é uma história. É o mais vulgar e simples dos organismos literários, contudo, é o máximo divisor comum a todos os complicados organismos, conhecidos como romances." (pág. 29)
"A história é primitiva, remonta às origens da literatura, antes da descoberta da leitura, e atrai o que há de primitivo em nós. Eis por que somos tão irracionais a respeito da história que gostamos, e tão prontos a intimidar aqueles que gostam de outras. Por exemplo, me incomodo quando riem de mim por gostar de The Swiss Family Robinson [de Johann David Wyss] e espero ter incomodado alguns de vocês, a respeito de Scott [Sir Walter Scott]." (págs. 40 e 41)
Confira também: Lendo Aspectos do Romance - Parte I.
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