segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O Brasil nos livros de Forster I

E. M. Forster viajou bastante durante seu quase um século de vida. O escritor percorreu países de quatro continentes: Europa, Ásia, África e América. Neste último, esteve nos Estados Unidos e Canadá, mas não teve a oportunidade de descer mais um pouco no mapa e visitar a América do Sul e o Brasil. 

Isso não quer dizer que o nosso país não é citado na obra do escritor. Em pelo menos três livros de Forster, há breves alusões ao Brasil e hoje inicio uma pequena série de posts sobre estas referências simples, porém interessantes. Comecemos com o seu conto mais conhecido, The Machine Stops.

Na primeira parte de The Machine Stops, A Nave Aérea (The Air-ship), temos a primeira referência ao Brasil. Vashti, contrariada, está viajando rumo à ilha do hemisfério norte para visitar seu filho Kuno. Após explicar um pouco sobre o serviço de naves aéreas - "uma relíquia dos tempos passados" - o narrador comenta rapidamente sobre os itinerários das mesmas.
  

"A nave em que Vashti partiu operava ora ao pôr do sol, ora à aurora. De todo modo, ao passar acima de Rheas a nave iria se aproximar de outras que operavam entre Helsingfors e os Brasis e, uma a cada três, cruzavam os Alpes, a flotilha de Palermo cruzaria a trilha logo atrás. O dia e a noite, ventos e tempestades, mares e terremotos, não mais eram obstáculos para o ser humano, que se transformara em Leviatã." (pág. 26, tradução de Teixeira Coelho, Itaú Cultural/Iluminuras, 2018).


A nave aérea de Forster era um dirigível (airship). Acima, o dirigível britânico R101, circa 1929. Foto: Hirz via Getty Images.


Já na terceira e última parte do conto, Os Desabrigados (The Homeless), o país é citado no tenso momento em que a Máquina começa a apresentar falhas, gerando apreensão e descontentamento.  

"Com a falha do dispositivo de dormir a história foi outra. Era uma avaria mais séria. Um dia, no mundo todo — em Sumatra, em Wessex, nas inúmeras cidades da Courland e no Brasil — as camas, quando solicitadas por seus donos cansados, não apareceram. Pode parecer ridículo mas é possível datar daí o colapso da humanidade." (pág. 57, tradução de Teixeira Coelho, Itaú Cultural/Iluminuras, 2018).

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