quarta-feira, 29 de julho de 2020

Minha 1ª coletânea de Forster



Recentemente, tive a feliz oportunidade de ler O Ômnibus Celeste e Outros Contos, a coleção de histórias curtas de E. M. Forster publicada ano passado pela Class/Bestiário, com tradução de Vinícius Casanova Ritter. Minha experiência com contos do escritor se resumia a The Machine Stops, The Other Boat e The Obelisk - este último em português de Portugal. Desta forma, posso dizer que ler uma de suas coletâneas completas foi algo totalmente novo para mim. 

A obra reúne seis contos que, na minha opinião, tem seus altos e baixos. Meu interesse oscilou com determinada frequência, o que atribuo à minha pouca afinidade com histórias de fantasia. Contudo, o saldo final foi bastante positivo. Apesar de ter gostado imensamente de apenas dois contos e ter achado os demais razoáveis, ler uma coletânea de contos de Forster pela primeira vez foi algo único e mal posso esperar pela publicação de mais obras do tipo. A seguir, comento rapidamente sobre cada um dos seis contos, sem dar muitos detalhes das histórias. 

A estrada vindo de Colono (The Road from Colonus) - O conto que abre a coletânea é o meu segundo  favorito. A história da epifania do Sr. Lucas durante uma viagem à Grécia me envolveu completamente e algumas passagens ainda provocaram boas risadas. O desfecho me surpreendeu bastante. Foi um ótimo começo de leitura. 
O amigo do vigário (The Curate's Friend) - Este é o segundo conto mais curto (apenas nove páginas). As memórias do clérigo Harry sobre uma tarde com sua amada, a mãe dela, um rapazote e um fauno não me cativaram muito. A introdução mais direta da fantasia provavelmente contribuiu para isso. 
O ômnibus celeste (The Celestial Omnibus) - O conto que dá título ao livro é muito significativo. Por meio de uma história com elementos fantásticos, evidencia a hipocrisia dos ditos intelectuais através do personagem Septimus Esbeno. Uma metáfora perspicaz é utilizada para distinguir as visões de uma criança e de um adulto acerca da literatura, que aqui surge ainda mais viva. 
O outro lado da cerca (The Other Side of the Hedge) - Creio que esse é o conto que me despertou mais indiferença. Apesar de ter compreendido a metáfora transmitida, não consegui me conectar muito à história. É o conto mais curto, com apenas sete páginas.
Outro reino (Other Kingdom) - O conto mais longo é também o que provocou mais oscilações no meu interesse. Confesso que achei a primeira metade muito maçante, com tantos personagens e manifestações excessivas. Porém, a segunda metade capturou minha atenção, seguindo até o desfecho. A história, basicamente, se desenvolve em torno do bosque de faias que dá título ao conto, presente do Sr. Harcourt Affluent à sua noiva Srta. Evelyn Beaumont.
A história de um pânico (The Story of a Panic) - Sem dúvidas, o meu conto favorito. Que leitura prazerosa. O grupo de personagens e o cenário - a Itália - me remeteram imediatamente a A Room with a View. A história, porém, é bem diferente daquela do romance. O que era para ser um simples piquenique de turistas ingleses num bosque se transforma numa experiência enigmática e espantosa. Encerra a coletânea da melhor forma possível.

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