Na primeira metade dos anos 1930, E. M. Forster incursionou por uma seara ainda inédita em sua carreira. Ele escreveu e publicou a primeira das duas biografias de seu rol de trabalhos literários. O biografado foi um amigo de longa data chamado Goldsworthy Lowes Dickinson. Mas antes de falar sobre a obra, é imprescindível responder uma pergunta...
Quem foi Goldsworthy Lowes Dickinson?
Goldsworthy Lowes Dickinson em 1930. No verso desta foto, possivelmente tirada em Cambridge,
E. M. Forster escreveu "Goldie Dickinson". | Foto: King's College Archive Centre.
"Na aparência, ele era magro, usava óculos, era curvado e vestia-se mal, mas com um sorriso súbito 'que por um momento', disse Forster, 'o tornava indescritivelmente bonito'. Ele era conhecido por sua caligrafia ilegível: uma vez escreveu 'Good' (bom) na redação de uma aluna e ela perguntou indignada por que ele a chamara de fool (idiota)!" (The Pink Plaque Guide to London, de Michael Elliman e Frederick Roll, GMP Publishers, 1986).
OLDSWORTHY LOWES DICKINSON - Goldie para os mais íntimos - foi um cientista político e filósofo britânico, com vasta produção literária. Nascido em Londres, em 06 de agosto de 1862, era o terceiro dos cinco filhos de Lowes Cato Dickinson (1819-1908), um pintor de retratos, e de Margaret Ellen Williams (1825-1882). Criado numa família socialista cristã, Dickinson passou por algumas escolas formais, com destaque para Charterhouse, na cidade de Godalming, condado de Surrey. Em 1881, ingressou no King's College, em Cambridge, para estudar Clássicos, graduando-se em 1884 com um diploma de primeira classe. Em 1886, decidiu estudar medicina também em Cambridge e embora tenha concluído a formação, não seguiu carreira na área. No ano seguinte, foi eleito para uma bolsa no King's College e anos depois se tornou professor universitário de Ciência Política, recebendo posteriormente uma bolsa de pensão vitalícia. Por mais de duas décadas, também lecionou no London School of Economics and Political Science, uma universidade pública de pesquisa. Em 1903, ajudou a fundar a revista mensal The Independent Review, para a qual colaborou com uma série de artigos ao longo dos anos.
Após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, esquematizou a League of Nations, que mais tarde viria a se tornar a League of Nations Union, uma organização para promoção da justiça internacional, segurança coletiva e paz permanente entre as nações, que é considerada o embrião da ONU (Organização das Nações Unidas). Já que não pôde se alistar por conta da idade, continuou com o seu trabalho em Cambridge, escreveu livros e panfletos sobre suas idéias para a paz mundial e viajou pelos Estados Unidos em 1916, divulgando suas convicções e ideais acerca do pacifismo.
Em 03 de agosto de 1932 - três dias antes de completar 70 anos - Dickinson morreu após uma operação de próstata da qual aparentava estar se recuperando. Os serviços fúnebres foram realizados na Capela do King's College, em Cambridge e também em Londres. Seu último trabalho foi uma palestra intitulada The Contribution of Ancient Greece to Modern Life, que ele proferiu algumas semanas antes de sua morte. Alguns dos livros mais conhecidos de sua carreira literária são The Greek View of Life (1896), Letters from John Chinaman (1901) e The International Anarchy (1926).
Semana G. L. D.
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