O escritor Alexander Chee publicou um extenso e rico ensaio sobre Alec: A Novel, o novo livro de William di Canzio, no site da revista estadunidense The New Republic. Como já falei aqui no blog, a obra se debruça sobre a trajetória de vida de Alec Scudder, de Maurice, desde o seu nascimento. Porém, o ensaio vai além e apresenta informações muito interessantes sobre questões ligadas à homossexualidade do próprio E. M. Forster e o caminho que Maurice percorreu até ser publicado após a morte de seu criador.
E além do ótimo texto, também podemos apreciar uma nova ilustração de Forster (ao lado), de autoria de Hsiao-Ron Cheng. A gravura é baseada na clássica fotografia tirada por Edward Leigh em 1915 e que ilustra o cabeçalho do blog.
Deixo aqui esta dica e dois trechos para instigá-lo (a) a conferir o ensaio na íntegra: The Afterlives of E.M. Forster.
"O público leitor de Forster nunca o conheceu realmente e, para alguns, como Ozick [escritora Cynthia Ozick], isso parecia uma traição. Como se devesse ao leitor qualquer verdade além da que estava em seus romances, ou qualquer vida diferente daquela que viveu ao escrevê-los. Não havia o menor sinal de raiva pelo que o mundo havia negado a Forster, mas apenas desprezo pelo que ele próprio poderia ter negado a si mesmo como resultado."
"O cuidado que Forster teve ao compartilhar Maurice pode tê-lo tornado o mais influente dos romances inéditos antes de ser finalmente publicado. Na primeira jornada do romance em 1952, de Forster na Inglaterra a Isherwood na Califórnia, foi passado de mão em mão por uma série de homens gays no que Moffat chama de 'expresso de pônei', empreendido para protegê-lo das leis americanas de Comstock que o teriam confiscado. À medida que circulava, o romance tornou-se primeiro um segredo aberto e, por fim, o centro de uma espécie de clube de leitura privado para escritores, críticos e amigos gays, durante décadas. O erudito literário Philip Gardner descobriu que Forster mantinha um registro cuidadoso de quem lera o romance e qual versão manuscrita havia sido oferecida. Ao longo de um período de 57 anos, a lista daqueles que leram o romance incluía escritores e intelectuais como Lytton Strachey, J. R. Ackerley, W. H. Auden, Isherwood, Stephen Spender, Forrest Reid e o biógrafo de Forster P. N. Furbank, junto com seus mentores como Goldsworthy Lowes Dickinson, Edward Carpenter e George Merrill. Carpenter e Merrill viveram um final feliz na vida real para um casal gay da época. O romance não era tão fantasioso, afinal de contas."
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