sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Lean versus Forster's estate

Alec Guinness (Professor Godbole) e David Lean durante as filmagens de A Passage to India (1984).

How E. M. Forster's estate nearly put paid to David Lean's version of A Passage To India (Como os administradores do patrimônio de E. M. Forster quase acabaram com a versão de David Lean de A Passage To India, em tradução livre): este é o título de uma matéria publicada recentemente pelo site do jornal Daily Mail que, honestamente, mais despertou dúvidas do que esclareceu alguma coisa. Repercuto aqui por curiosidade.

O breve texto afirma que cartas recém descobertas lançaram luz sobre divergências entre o diretor David Lean e acadêmicos seniores do King's College, que controlam os direitos das obras de Forster. Segundo a publicação, os executores do patrimônio literário do escritor "tiveram uma 'grande preocupação' com o final de Lean, acreditando que ele estava tentando simplificar demais a complexa história de sexo e tensões raciais no contexto do Raj britânico." Vejamos alguns trechos: 

"O livro é ambíguo e não explica o que aconteceu com Miss Quested durante o alegado incidente, mas Lean adicionou suas próprias cenas para sugerir suas frustrações sexuais e mudou o final do filme da Índia para a Inglaterra.

Ele também mudou a dinâmica do relacionamento entre Aziz e seu amigo Cyril Fielding, que se acredita ter sido baseado no próprio Forster. 

Devido às agitações causadas pelas acusações de agressão, os dois homens se separam nas cenas finais do romance por entender que nunca mais se encontrarão. 

Em seu filme de 1984, entretanto, Lean terminou com Fielding, interpretado por James Fox, e Aziz, interpretado por Victor Banerjee, reacendendo sua amizade.

Em novembro de 1982, enquanto o filme estava em pré-produção, Michael Cowdy, o tesoureiro do King's College, escreveu a Lord Brabourne, um dos produtores, para levantar questões sobre o roteiro.

'Temos uma grande preocupação com isso e diz respeito ao final', escreveu ele. 'Parece-nos que, se é para ser fiel ao romance, o filme deve terminar na Índia.'

Lean, cujos filmes anteriores incluíam Lawrence da Arábia, manteve seu final proposto após lançar uma ofensiva de charme contra os colegas do King's College durante o jantar. 

Lean teria dito a eles: 'Estamos falando sobre um dos maiores romances da literatura inglesa, que viverá para sempre. Quanto ao meu filme, daqui a cinco ou dez anos, terá sido esquecido e você pode fazer outro filme se quiser.'"


Pelos trechos apresentados, nota-se que o título da matéria é sensacionalista. Também não há informações sobre as tais cartas recém descobertas, o que me levou a pesquisar a respeito - infelizmente em vão, porque não encontrei notícias sobre estas correspondências. Por isso, afirmei no início do post que o conteúdo do Daily Mail despertou mais incertezas do que efetivamente esclareceu o assunto. Vou continuar pesquisando sobre as tais cartas misteriosas e qualquer novidade posto aqui no blog.

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