Fundada em 1820 pelo Rei George IV com o propósito de "recompensar e estimular o mérito e talento literários", a Royal Society of Literature (RSL) está completando 200 anos. A sociedade bicentenária está sediada na Somerset House, em Londres, e é a principal organização literária da Grã-Bretanha.
Em 10 de maio de 1961, E. M. Forster foi introduzido na sociedade como Companion of Literature, a maior honra concedida a um escritor. 24 anos antes, em 17 de fevereiro de 1937, a Royal Society of Literature o havia agraciado com a Medalha A. C. Benson.
To mark the 200th anniversary of the @RSLiterature, here's actor Harriet Walter reading from E.M Forster's classic novel, Howards End — one of the society's first Companions of Literature 👇#Newsnight pic.twitter.com/IlroxVIaIc
— BBC Newsnight (@BBCNewsnight) November 30, 2020
"Margaret saudou seu senhor com peculiar ternura na manhã seguinte. Por mais amadurecido que estivesse, ainda seria capaz de ajudá-lo a construir a ponte de arco-íris destinada a ligar a prosa que há em nós com a paixão. Sem ela somos fragmentos destituídos de sentido, metade monges, metade feras, arcos desunidos que jamais se ligaram para formar um homem. Com ela, nasce o amor, e pousa na curva mais alta, brilhando contra o cinza, sóbrio contra o fogo. [...]
Um difícil trajeto, percorrer as estradas da alma do sr. Wilcox. Desde a infância as negara. 'Não sou um sujeito que se preocupa com minha própria vida interior.' Por fora era alegre, confiável e corajoso; mas por dentro, tudo revertera ao caos, governado, na medida em que era governado, por um ascetismo incompleto. Fosse como menino, marido ou viúvo, sempre alimentara a crença não declarada de que a paixão corporal é ruim [...]
Não era capaz de ser como os santos e amar o infinito com um ardor seráfico, mas era capaz de sentir um pouco de vergonha de amar uma esposa. [...] E aqui Margaret esperava ajudá-lo.
Não parecia tão difícil. Não precisava incomodá-lo com nenhum dom seu. Apenas apontaria para a salvação latente em sua própria alma e na alma de todo homem. Ligue, simplesmente! Esse era o resumo de seu sermão. Ligue, simplesmente, a prosa e a paixão, e ambas serão exaltadas, e o amor humano será visto em seu máximo. Chega de viver em fragmentos. Ligue, simplesmente, e a fera e o monge, privados do isolamento que é a vida para cada um, morrerão." (tradução de Cássio de Arantes Leite, Globo, 2006).
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