Procurar imagens e vídeos de adaptações antigas de livros de E. M. Forster muitas vezes não é uma tarefa recompensadora. Geralmente não existem registros audiovisuais na internet e o jeito é apenas imaginar como terão sido esses filmes e episódios de séries de TV. Porém, ocasionalmente, algumas aparições inesperadas acontecem.
Há pouco tempo, A Passage to India (1965) foi surpreendentemente disponibilizado no Youtube, conforme informei no blog. E agora é a vez de um trecho de Howards End (1970). Antes, tínhamos acesso a apenas a três imagens desta adaptação, que foi ao ar em 19 de abril de 1970, na série BBC Play of the Month. Trata-se de um excerto de apenas um minuto e 21 segundos, mas mesmo assim é possível ter uma ideia desta produção setentista.
O trecho integra um programa de obituário apresentado por James Mossman, transmitido pela BBC em 14 de julho de 1970, pouco mais de um mês após a morte de Forster, e é um dos extras do blu-ray nacional de A Room with a View (1985). Também postei o programa na íntegra em nosso canal no YouTube.
Na cena, Margaret Schlegel (Glenda Jackson) e Helen Schlegel (Sarah-Jane Gwillim) conversam sobre o breve envolvimento desta última com Paul Wilcox (Ian Ricketts). A seguir, o vídeo e o diálogo traduzido.
[Helen] - Aconteceu. Só isso. Fui até o jardim, parei e o deixei me beijar. Ele disse que me ama. Para desgosto de Charles, acho.
[Margaret] - E de manhã?
[Helen] - De manhã tinha acabado. Acabou imediatamente! Eu sabia que fora algo à toa quando entrei na sala de jantar. Lá estava Evie, cuidando do chá, e o Sr. Wilcox folheando o "Times". E Charles falando sobre ações e participações. E Paul parecia apavorado. Louco de medo que eu dissesse algo errado. Pensei por um instante que toda a família Wilcox é uma fraude. Apenas um muro de jornais, automóveis e tacos de golfe, não tendo nada por trás senão o vazio. A prima Frida está chegando para levá-la para ouvir Beethoven.[Margaret] - Pensar que, porque você e esse rapaz se encontraram são necessários tantos telegramas e raiva. A verdade, Helen, é que nesse mundo os telegramas e a raiva importam. As relações pessoais não são supremas. São meios do amor, acordos de casamento, morte, deveres. Será que as relações pessoais no fim levam à negligência?
[Helen] - Lembro-me de Paul no café da manhã. Nunca vou esquecer. Nada em que se apoiar. Sei que as relações pessoais são a vida. Para todo o sempre![Margaret] - Amém.
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