Uma infinidade de cartas escritas por E. M. Forster, felizmente, resistiu ao tempo. Uma dessas correspondências integra a exposição Collingwood Archive, que concentra vários itens que pertenceram aos membros da família inglesa que dá nome à mostra. Estabelecidos ao norte da Inglaterra, na lindíssima região do Lake District, condado de Cumbria, os Collingwood foram uma das famílias mais talentosas - intelectual e artisticamente falando - do final do século XIX e início do século XX. Foram quatro gerações de artistas e escritores influentes, cujas paixões incluíam pintura, escultura, fotografia, arqueologia, arquitetura, aviação, estudos islandeses e filosofia.
Lançada no final de abril, a exposição está sendo realizada na Universidade de Cardiff, capital do País de Gales. Judith Dray, a arquivista responsável pela catalogação da Coleção Collingwood, afirma que, entre as 4 mil cartas que compõem o acervo, uma escrita por E. M. Forster para a escultora Barbara Collingwood (1887-1961) capturou sua especial atenção. Datada de 1916, a correspondência traz impressões do escritor acerca das consequências da Primeira Guerra Mundial em sua vida pessoal e artística.
Confira a tradução de um trecho:
"I don’t know… — as this war drags on to its dreary and arithmetical conclusion if to any conclusion at all, the passion in me for all that old High-life and High-art business of which I used to be rather ashamed, seems to increase and express itself less fearlessly."
"Não sei... - conforme esta guerra se arrasta para a sua conclusão sombria e aritmética, se há qualquer conclusão de todo, a paixão em mim para todos esses velhos negócios de alta sociedade e grande arte das quais eu costumava ser um pouco acanhado, parece aumentar e expressar-se menos destemidamente."
Como sabemos, durante o conflito, Forster trabalhou como pesquisador da Cruz Vermelha, em Alexandria, no Egito. Certamente esta deve ser somente uma das cartas em que compartilhou com amigos os seus pensamentos sobre a Primeira Grande Guerra. Reparem na assinatura ao final do texto, que é diferente da mais conhecida e reproduzida. Esta mesma assinatura pode ser vista na parte inferior do blog.
Em seu artigo de pesquisa, A Late Victorian Family Life: The Typically Untypical World of The Collingwoods of Lanehead, James Connelly afirma que Barbara Collingwood esculpiu um busto de seu amigo E. M. Forster. Infelizmente, não consegui encontrar qualquer imagem desta obra. A exposição Collingwood Archive estará aberta durante todo o verão inglês, que se estende até setembro. A entrada é gratuita.
O espaço de exposições na Arts and Social Studies Library, na Universidade de Cardiff.
Mais informações:
- Collingwood Archive: Introducing the Collingwoods;
- The Armitt: The Collingwood Family (guia sobre os membros mais ilustres do clã);
- Special Collections and Archives: The Collingwood Collection - an introduction to the family and the project.
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