terça-feira, 18 de novembro de 2014

O voluntário E. M. Forster

O site da Cruz Vermelha Britânica tem publicado vários posts para marcar o centenário do início da Primeira Guerra Mundial. No último deles, um voluntário em especial foi citado por seu trabalho valoroso prestado aos soldados e suas famílias. Quando E. M. Forster foi obrigado a se alistar no serviço militar para integrar o exército britânico na Primeira Grande Guerra, ele imaginava que seria considerado clinicamente inapto. Pacifista como era, Forster ficou surpreso e consternado quando aconteceu o contrário. 

Para não participar do conflito diretamente no front, ele se declarou objetor de consciência, ou seja, alguém que segue princípios morais ou éticos incompatíveis com o serviço militar. O passo seguinte era escolher uma função alternativa para trabalhar na guerra. Foi quando, em novembro de 1915, ele se tornou um dos pesquisadores da Cruz Vermelha, em Alexandria, no Egito. Sua atribuição era entrevistar os feridos nos hospitais para obter informações sobre outros soldados desaparecidos. Diga-se de passagem, esse serviço surgiu na Primeira Guerra Mundial e também está completando 100 anos agora. Logo abaixo, o cartão de voluntário do escritor na Cruz Vermelha.


Como se pode imaginar, muitos soldados desapareciam durante a guerra e conseguir informações sobre o paradeiro de seus entes queridos era um verdadeiro suplício para as famílias. Eles estariam mortos ou vivos em algum lugar ignorado? Era aí que Forster e outros milhares de pesquisadores entravam. Como a própria Cruz Vermelha relatou na época, o trabalho de pesquisador não era para qualquer pessoa. Ele deveria ter o tato necessário para conquistar a simpatia dos soldados entrevistados e fazê-los entender que somente com a sua boa vontade em ceder informações seria possível atingir uma pesquisa satisfatória. 

Os pesquisadores tinham que registrar cada detalhe das entrevistas e as notas eloquentes de Forster foram de grande utilidade. O site da Cruz Vermelha traz um trecho de um relatório assinado por ele:

"Os homens que chegam ao hospital, vindos das trincheiras, estão em tal condição de nervos que suas informações precisam ser verificadas e checadas novamente com outros homens, e, assim, para cada caso de investigação é necessário entrevistar quatro ou cinco homens". 

Forster desempenharia esse trabalho no Egito até janeiro de 1919. À essa altura ele tinha se tornado pesquisador-chefe, como mostra o cartão de voluntário acima. Na maioria das vezes, as conclusões das investigações eram dolorosas para as famílias, mas pelo menos elas colocavam um ponto final no longo período de incertezas que elas vinham vivenciando.

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