terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Impressões - Howards End (2017)


No final de janeiro, tive a oportunidade de assistir a mais recente adaptação de Howards End para as telas - desta vez para a TV. A minissérie da BBC One quebrou um jejum de 24 anos sem adaptações deste livro de E. M. Forster. A última havia sido o filme de 1992, dirigido por James Ivory e laureado com três Oscars

Admito que as notícias sobre os atores escolhidos para interpretar Margaret Schlegel e Henry Wilcox - Hayley Atwell e Matthew Macfadyen - me deixaram hesitante em relação ao que esperar da minissérie. Não era capaz de imaginar Atwell como Margaret e julgava Macfadyen muito jovem para o papel. A escalação do ator não afeta de forma veemente a produção, porém, continuo achando que um ator de mais idade teria sido mais adequado. De qualquer forma, Macfadyen é um excelente ator. Já sobre Hayley, basta dizer que gostei tanto de sua interpretação quanto da atuação oscarizada de Emma Thompson, no filme de 1992. Ela verdadeiramente deu vida à uma Margaret fascinante. Foi ótimo conhecer os atores Philippa Coulthard (Helen Schlegel) e Joseph Quinn (Leonard Bast), apreciar o desempenho de Tracy Ullman como tia Juley e rever Julia Ormond (Mrs. Wilcox).


Um detalhe bastante agradável é que na minissérie foi possível dar mais destaque ao personagem de Alex Lawther, Tibby Schlegel. Se me permitem trazer novamente o filme de 1992 à baila, nesta adaptação o jovem da família Schlegel teve espaço inglório, pouco aparecendo em cena. Confesso que nem me recordo muito bem da fisionomia do ator que o interpretou no longa. Também destaco a interpretação de Joseph Quinn (na imagem acima) como Leonard Bast. Sua composição do personagem fez com que suas cenas fossem algumas das minhas favoritas. Circunspecto, inseguro e instável, o jovem senhor Bast do romance foi agraciado com uma bela interpretação. 

O roteiro dos quatro episódios, assinado por Kenneth Lonergan, merece todos os elogios por utilizar a obra de Forster de forma muito respeitosa. Alguns diálogos do livro que poderiam parecer demasiado intricados e reivindicar mais atenção, estão apoiados num texto que consegue ser leve e suave, sem perder a essência e sem fugir muito do original. A fidelidade do roteiro pode ser simbolizada pela cena da família Wilcox afastando-se de Margaret na plataforma da estação do King's Cross, no fim do primeiro episódio e, o início do seguinte com o funeral de Mrs. Wilcox. Esse imediatismo é observado também no livro, ocorrendo no final do capítulo X e início do capítulo XI.


Todos os outros elementos, como fotografia, figurinos, direção de arte e trilha sonora, são virtuosos. Fiquei surpreso ao me deparar com notícias sobre protestos de telespectadores em relação ao volume muito alto nos momentos em que as trilhas eram introduzidas. Não percebi essa falha apontada no primeiro episódio, não me incomodando em momento algum. As locações escolhidas não ficam atrás em êxito, apesar da Howards End do filme de James Ivory continuar insuperável, em minha opinião. A propriedade Vann House (em Hambledon, Surrey), utilizada na minissérie, não é tão encantadora e vicejante quanto a casa do longa, Peppard Cottage (em Oxfordshire).

Com Howards End, da BBC, fomos agraciados com uma adaptação distinta da obra de Forster. Resta-nos esperar que novidades como esta se tornem mais frequentes.

Imagens: capturas de tela do acervo do blog.

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