quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

E. M. Forster em vídeo

O post de hoje é mais que especial. Não são todos os admiradores da obra e vida de grandes escritores que tem a oportunidade de vê-los em vídeo e escutar suas vozes. Felizmente, temos esta chance em relação a E. M. Forster, a despeito da absoluta maioria desses arquivos não estar disponível para todos. Este não é o caso do vídeo abaixo, que traz trechos de uma entrevista concedida por Forster à BBC, em 1958. Nela, o escritor fala sobre o início da sua carreira e os motivos que o levaram a escrever. 

Na época desta entrevista, fazia 34 anos que Forster havia lançado seu último romance, A Passage to India. Uma pergunta sobre o ponto final na sua carreira de romancista era inevitável. Para ele, o motivo é simples: 

"O aspecto social do mundo mudou tanto, e eu estava acostumado a escrever sobre o velho mundo, que desapareceu com suas casas, sua vida familiar e sua paz comparativa".

Durante a entrevista, ele ainda afirma que não é um grande escritor e que seus romances só possuem três tipos de pessoas: "A pessoa que eu acho que sou, as pessoas que me irritam e as pessoas que eu gostaria de ser". Ele compara sua capacidade com a de Leon Tolstói, que "podia se apossar de todos os tipos de pessoas".

No vídeo, podemos vê-lo em seus aposentos na Universidade de Cambridge, procurando um livro, lendo numa poltrona e escrevendo em sua mesa. Imagens simples, mas de valor inestimável. Detalhes interessantes a serem notados são o retrato de sua tia-avó paterna, Marianne Thornton, biografada por ele, além de sua coleção de porcelana chinesa, azul e branca, iniciada ainda nos tempos de escola.

vídeo por John Hall.


UPDATE 12/05/16: Uma informação adicional é de que esta entrevista foi transmitida pela primeira vez em 21 de dezembro de 1958, no programa Monitor (1958-1965). Na página do programa no site da BBC One, o episódio é descrito da seguinte maneira:
Cinco anos após retornar a viver no King's College, em Cambridge, onde tinha sido um estudante, E. M. Forster é mostrado em seus quartos e outros locais ao redor da cidade, falando sobre sua vida e escrita.

Forster descreve como Cambridge desempenhou um papel significativo em suas origens como romancista e salienta a importância que teve para sua escrita deixar o lugar e procurar novas pessoas e experiências. Ele rejeita a ideia de que é um grande romancista, mas fala sobre as aspirações que tem para seu trabalho e reflete sobre o elevado valor que atribui às relações pessoais, tolerância e, talvez ao mais importante, prazer.

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