No final de fevereiro, a editora Constable publicou o livro The Crichel Boys: Scenes from England's Last Literary Salon, do escritor e arquivista Simon Fenwick. A obra se concentra em contar a fascinante trajetória de Long Crichel House, a antiga casa paroquial que abrigou o último salão literário inglês do pós-guerra, situada na pequena vila de Long Crichel, condado de Dorset.
E. M. Forster foi um dos convidados deste lugar que respirava literatura, arte, música e amor livre. Boa parte de seu círculo de amigos também passou por lá, como Vanessa Bell, Benjamin Britten e Duncan Grant.
"Em 1945, Eddy Sackville-West, Desmond Shawe-Taylor e Eardley Knollys - escritores do New Statesman e administrador do National Trust - compraram a Long Crichel House, uma antiga casa paroquial sem eletricidade e com abastecimento de água irregular. Nesse lugar improvável, teve início o último salão literário inglês.Mais calmo e menos formal do que os famosos salões literários de Londres, Long Crichel tornou-se um experimento idiossincrático na vida comunal. Sackville-West, Shawe-Taylor e Knollys - mais tarde acompanhados pelo crítico literário Raymond Mortimer - tornaram-se membros substitutos das famílias uns dos outros e sua companhia tornou-se um estímulo para escrever, para eles e seus convidados.O livro de visitantes de Long Crichel revela um Quem é Quem das artes na Grã-Bretanha do pós-guerra - Nancy Mitford, Benjamin Britten, Laurie Lee, Cyril Connolly, Somerset Maugham, E. M. Forster, Cecil Beaton, Vita Sackville-West e Harold Nicolson - que foram atraídos pela boa comida, quantidades generosas de bebida e excelente conversa. Para Frances Partridge e James Lees-Milne, dois dos melhores diaristas do século XX, Long Crichel tornou-se uma segunda casa e suas vidas ficaram ligadas à ela.No entanto, deveria haver mais na história da casa do que aquilo que os críticos chamam de um grupo de "cavalheiros-estetas hifenizados" e uma "fábrica de prosa".Nos anos posteriores, a casa e seus habitantes enfrentariam os tremores secundários do Caso Crichel Down, o Relatório Wolfenden e a crise da AIDS. A história de Long Crichel também faz parte do desenvolvimento do National Trust e de outros movimentos conservacionistas.Através das lentes de Long Crichel, o arquivista e escritor Simon Fenwick conta uma história mais ampla da grande revolução que ocorreu na segunda metade do século XX. Íntimo e revelador, ele dá vida aos anos dourados e mexeriqueiros de Long Crichel e, ao fazê-lo, revela um elo que faltava na história literária e cultural inglesa."
Na fotografia acima, temos o registro de uma visita de E. M. Forster a Long Crichel House, em março de 1960, início da primavera. Na ocasião, ele conheceu o moldureiro e colecionador de arte búlgaro Mattei Radev (1927-2009) - sentado ao seu lado na foto - com quem, posteriormente, teve um envolvimento amoroso. A fotografia foi tirada por Eardley Knollys (1902–1991), crítico de arte e um dos proprietários de Long Crichel House.
A antiga Long Crichel House hoje dá lugar à The Long Crichel Bakery, famosa pelo Hedgehog Bread (Pão Ouriço).
Leituras recomendadas:
- Daily Mail: Escape to the country: In an age when being gay was illegal, four literary men set up house in Dorset, where they entertained everyone from Garbo to Greene, artigo de Ysenda Maxtone Graham;
- The Friends of Friendless Churches: Página sobre Long Crichel e Long Crichel House.
- Piano Nobile: Artigo sobre Long Crichel House.
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